O ambiente escolar está conturbado. Além dos atos de violência, há uma série de ameaças e ataques que geraram uma onda de apreensão entre responsáveis, crianças e professores. Então, como propiciar um ambiente seguro dentro da escola? Atualmente, existe um estado de inquietação nesse espaço, pois a escola é um local marcado pela convivência, pelo lúdico e por diversas interações, mas, lamentavelmente, tem se tornado um espaço de ameaça. Assim, tem surgido um debate em torno da segurança nas escolas particulares, municipais e estaduais. Muitas instituições estão aumentando os muros, reforçando o policiamento interno e externo; outras estão investindo na instalação de câmeras e em segurança privada. É claro que não existe uma única causa para tudo isso e, consequentemente, não haverá uma única solução.
Além do horror causado pelos recentes ataques, estamos sendo intimidados por uma espécie de caos implantado por meio de notícias falsas. Pais e alunos enfrentam insônia e até crises de ansiedade devido ao medo gerado pelo consumo dessas notícias. Portanto, é importante um trabalho de prevenção, de atenção nas redes sociais e no que nelas circula, para que o negativo não se agrave, recuperando o espírito de convivência por meio de atividades esportivas, culturais e educacionais, entre outras.
Precisamos debater em casa e na escola a gravidade de expor crianças às redes sociais, independentemente da faixa etária. O fato é que muitas crianças estão consumindo conteúdos inadequados, além de interagirem com estranhos e serem induzidas a filmar "dancinhas sensuais" para publicação, infelizmente, até pelos próprios pais. Como não mencionar os jogos violentos que muitas crianças e pré-adolescentes consomem? E os filmes? E as séries que muitos assistem, desrespeitando a classificação etária com conteúdos extremamente violentos? Isso é grave! Infelizmente, muitos pais permitem isso ou não estão cientes porque não supervisionam o que seus filhos consomem. Além disso, no ambiente escolar, o bullying e o preconceito comprometem a saúde psíquica de muitos estudantes.
Outra questão a ser discutida é o que vem sendo chamado de "efeito contágio". Como frear isso? Afinal, é cada vez mais temido que isso se torne uma rotina aqui no Brasil, como acontece nos Estados Unidos. Algo amplamente debatido é a necessidade de interromper a glorificação do ato, ou seja, desconstruir a ideia de que praticar algo assim é valente ou heroico. Pelo contrário, é importante divulgar e disseminar isso como algo negativo. Também é crucial que a mídia seja obrigada a restringir a divulgação de tais atividades, impedindo que sejam vistas como sinônimo de coragem.
Portanto, concluo afirmando que é importante perceber que estamos em uma sociedade adoecida em relação à convivência mútua, pois o período pandêmico trouxe uma série de agravamentos. Como dito anteriormente, um problema de múltiplas causas requer soluções de múltiplas fontes: autoridades públicas, a sociedade, a pedagogia, a comunicação, a psicanálise, a psicologia, a psiquiatria, entre outras. Não há como lidar com essa problemática acreditando em uma única saída. Vamos nos engajar para manter a escola como um ambiente pacífico e respeitoso.
Daniel Lima
Psicanalista
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