Vivemos em uma era marcada pela ansiedade do saber instantâneo, em que a psicanálise foi capturada pelo ritmo frenético dos mercados digitais. Tornou-se mercadoria: ofertada em cursos relâmpago e banners publicitários que prometem desvendar, em poucas horas, os mistérios de Freud ou a arte da escuta — como se fossem receitas prontas e universais. Não é o digital em si que adoece, mas a lógica da superficialidade, da voracidade e do consumo rápido aplicada ao que deveria ser, por excelência, experiência e encontro. Na contramão da tradição psicanalítica — que não se faz sem tempo, silêncio e transmissão ética — assistimos a um movimento de colonização do desejo de saber. Os mais velhos, muitas vezes, ao invés de abrigarem e sustentarem o percurso formativo dos mais novos, impõem padrões, excessos e disputas conceituais. Confinam a transmissão da psicanálise à reprodução de fórmulas, sufocando aquilo que lhe é mais vital: a singularidade do sujeito e o risco criativo do pensar. Nesse cen...