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Mostrando postagens de maio 19, 2025

Saúde mental e psicanálise: um olhar sobre o sofrimento psíquico no trabalho

  A crise de saúde mental no Brasil atingiu um nível alarmante, refletindo-se no aumento significativo de afastamentos por ansiedade e depressão nos últimos dez anos. O ambiente de trabalho tem sido um dos principais gatilhos para esses transtornos, seja pela sobrecarga de tarefas, seja por relações interpessoais tóxicas ou pela insegurança profissional. Os dados recentes apontam para a necessidade urgente de políticas eficazes que garantam não apenas suporte médico e psicológico, mas também mudanças estruturais nas condições laborais. O trabalho ocupa um papel central na vida das pessoas, influenciando sua autoestima, identidade e estabilidade financeira. No entanto, quando as condições de trabalho se tornam insustentáveis, os efeitos na saúde mental podem ser devastadores. A pressão por metas excessivas, a competitividade exacerbada e a falta de reconhecimento são fatores que contribuem para o adoecimento psíquico. Sem espaços para escuta e acolhimento, muitos trabalhadores acaba...

A pressão do whatsApp no trabalho e seus impactos na saúde mental.

A  hiperconexão  do mundo moderno transformou nossa forma de trabalhar, de nos comunicar e até de viver. Ferramentas como o WhatsApp, inicialmente criadas para aproximar pessoas, se tornaram indispensáveis em diversas atividades profissionais. No entanto, esse uso constante tem gerado um problema significativo: a pressão por respostas imediatas, que afeta diretamente a saúde mental de quem está do outro lado da tela.   Com o avanço tecnológico, o acesso à informação tornou-se instantâneo. Se antes consultávamos enciclopédias como a  Barsa  para realizar pesquisas, hoje obtemos dados em segundos por meio de sites, e-books e inteligência artificial. Essa agilidade, embora vantajosa, trouxe um efeito colateral preocupante: nos tornamos cada vez mais impacientes. Queremos tudo para ontem — áudios acelerados, textos resumidos e, é claro, respostas rápidas, independentemente do horário ou contexto.   Essa cultura da urgência invadiu o ambiente de trabalho. Por me...

O estranho familiar: bebês reborn e psicodinâmicas do inconsciente.

  A popularização dos bebês reborn — bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos com detalhes minuciosos — provoca curiosidade, admiração e inquietação. Mais do que simples objetos de coleção ou brinquedos, esses artefatos têm ganhado um status simbólico que atravessa o lúdico e se aproxima do terapêutico. A partir de uma perspectiva psicanalítica, podemos interpretar esse fenômeno como expressão de fantasias inconscientes ligadas ao desejo, à perda, à reparação e à constituição do eu. Sigmund Freud oferece uma chave interessante ao abordar o conceito de “Unheimlich”, traduzido como “o estranho familiar” ou “o inquietante”. Os bebês reborn ocupam exatamente essa zona ambígua: enquanto reproduzem a forma de um bebê real, não são bebês; são bonecas, mas não se deixam reduzir à condição de brinquedo. Há algo de perturbador nesse limiar entre o animado e o inanimado, entre o vivente e a pura representação. É como se tocassem silenciosamente em um retorno do recalcado: o desejo de...

O humor na psicanálise: entre a criação e a rebelião

Na psicanálise freudiana, o humor é considerado uma forma sofisticada de defesa psíquica. Em seu texto “O humor” (1927), Freud observa que ele permite ao sujeito enfrentar o sofrimento psíquico de modo criativo, preservando o prazer mesmo diante de situações dolorosas. Diferentemente do chiste ou do riso superficial, o humor expressa uma atitude do eu que se recusa a ser esmagado pela realidade, mantendo certa superioridade frente ao sofrimento. É como se o superego dissesse ao ego: “veja como o mundo pode ser ridículo, não vale a pena sofrer tanto por ele”. Essa concepção freudiana revela que o humor não é uma forma de negação, mas uma rebelião do prazer diante da dor. Freud exemplifica com o caso do condenado que, a caminho da forca, ironiza: “A semana começa bem”. Nesse gesto, não há desespero, mas um deslocamento lúdico que transforma o trágico em cômico. O humor, aqui, surge como um gesto de liberdade subjetiva, onde até o superego, geralmente punitivo, mostra-se surpreendentement...
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