Além disso, o conceito de “inibição, sintoma e angústia” discutido por Freud ganha nova roupagem neste cenário. A interação constante por meio de plataformas digitais pode funcionar como uma espécie de defesa frente à angústia da solidão e do vazio, funcionando muitas vezes como uma tela literal e simbólica contra o real do sujeito. Para Lacan, a busca incessante por validação nas redes sociais reflete o desejo humano de reconhecimento no olhar do outro, mas também escancara a precariedade de um eu que, em muitos casos, é tomado pela angústia frente à não correspondência de seus ideais.
Dessa forma, a hiperconexão não afeta apenas nossa relação com outros sujeitos, mas também com nosso próprio inconsciente. O uso excessivo da tecnologia pode criar barreiras para o diálogo interno necessário à elaboração psíquica, promovendo um cenário de alienação em relação aos próprios desejos e conflitos. Cabe à psicanálise contemporânea explorar caminhos para ressignificar essa nova forma de ser e estar que a era digital nos impõe, promovendo o resgate de uma escuta mais profunda e reconexão com os aspectos fundamentais do sujeito.
Daniel Lima
Psicanalista
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