Imaginemos a vida como uma longa estrada, repleta de curvas, retas, subidas e descidas. Não estamos parados; estamos em constante movimento, enfrentando as imprevisibilidades da existência. Estar perplexos sem nos abatermos é um desafio diário, especialmente em uma sociedade que considera o sofrimento anormal e associa a felicidade ao que se exibe nas redes sociais e ao consumo. Viver não é seguir uma linha reta; implica subidas, descidas, curvas, retas, paradas para reparo, e um retorno à caminhada.
Assim como na estrada nos deparamos com diferentes paisagens — urbanas, rurais, arborizadas ou áridas —, a vida também é cheia de paisagens e significados que damos conforme nosso olhar e como vivemos. O que permanece em nós são os significados que atribuímos a cada momento. Dependendo de como, onde, o quê e por que se olha, o sentido atribuído varia. Talvez por isso alguém tenha dito que “o sentir engana”, porque a percepção é construída com base em nossas experiências, conhecimentos e cultura.
Uma simples paisagem com um jardim e lindas rosas pode transmitir paz e beleza para alguns, enquanto para outros pode representar o risco de ser picado ou causar incômodo por insetos. Assim, o modo como vivemos muda à medida que mudamos, e a vida ganha novos significados. Se nossos olhos forem iluminados, tudo parecerá claro, mas se eles mantiverem escuridão, tudo ficará sombrio. Isso não significa que a vida deva ser sempre iluminada ou escura; haverá sempre pontos de sombra, e como lidamos com eles faz toda a diferença. Nada é para sempre. No sofrimento, tudo parece eterno, mas passa. Tudo passa. Observemos a natureza: as estações do ano, as fases da lua, tudo é cíclico. Às vezes vêm longas estiagens, mas também vêm as chuvas.
Pergunto-me: Será que esquecemos que viver inclui prazeres e desprazeres? Quando ignoramos que a vida traz alegria e tristeza, sentimos raiva e medo? Repito: viver tem seus altos e baixos. Se você não está conseguindo lidar com essa situação, procure ajuda profissional.
O filósofo grego Protágoras disse: “O homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são, por aquilo que não são”. Muito depois, Arthur Schopenhauer meditou sobre o assunto, ensinando que “o mundo é uma representação minha” e advertindo que “o mundo vai muito além da minha representação”. Cada pessoa vive suas experiências de maneira única e só ela pode medir o prazer ou desprazer do que vive. Não há fórmulas mágicas para enfrentar as dificuldades da vida; o essencial é que cada um aprenda a respeitar seu próprio tempo e conheça seus limites.
Daniel Lima
Psicanalista
Comentários
Postar um comentário