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Mostrando postagens de 2023

Harmonia da escuta e acolhimento.

  Em um mundo ensurdecido pelo clamor constante, onde as vozes competem pelo palco da atenção, existe uma arte sutil que muitos negligenciam: a escuta verdadeira. Nesse palco silencioso, a harmonia da escuta e acolhimento floresce, como uma melodia suave que acalma o coração e nutre a alma.  A escuta vai além de meramente ouvir as palavras ditas; ela é a arte de compreender as entrelinhas, captar as nuances e sentir as emoções que se escondem por trás do discurso. É como se, ao escutar, você se tornasse um instrumento afinado à frequência do outro, pronto para ressoar em uníssono com suas experiências e sentimentos. No processo analítico da escuta, cada palavra é uma nota, e o silêncio é a pausa que permite a reflexão. É um ato de generosidade, onde você oferece seu tempo e atenção de forma incondicional, criando um espaço seguro onde as vozes podem se expressar sem medo de julgamento. Acolher é o ato de estender a mão da compreensão, oferecendo calor humano e compaixão. É como o

A prevenção ao suicídio sob a perspectiva psicanalítica: explorando as raízes profundas do desejo autodestrutivo.

A prevenção ao suicídio é uma questão crucial na sociedade contemporânea, e várias abordagens psicológicas têm contribuído para entender e abordar esse desafio. A perspectiva psicanalítica, desenvolvida por Sigmund Freud e posteriormente aprimorada por outros psicanalistas, oferece uma visão única ao analisar o suicídio como um fenômeno enraizado em conflitos psicológicos profundos. No cerne da teoria psicanalítica está a ideia de que o comportamento suicida muitas vezes emerge de um conflito intrapsíquico entre o "id", que representa os instintos e desejos mais primitivos, e o "superego", que incorpora a consciência moral e as normas sociais. Esse conflito pode se manifestar como um desejo autodestrutivo, onde a pessoa busca aliviar seu sofrimento interno através do ato de suicídio. Uma das ferramentas centrais da psicanálise na prevenção do suicídio é a análise da transferência. A relação terapêutica oferece um ambiente seguro para que os pacientes expressem s

Você não está sozinho nessa caminhada.

Na perspectiva da psicanálise contemporânea, compreendemos a complexidade da experiência humana, onde a dor emocional e os conflitos internos podem parecer avassaladores. No entanto, é fundamental lembrar que a mente humana é um território vasto e misterioso, cheio de possibilidades de mudança e crescimento. Assim como um jardineiro cuida de seu jardim, é possível cultivar a saúde mental e emocional. Às vezes, enfrentamos tempestades que parecem destruir nossas flores mais preciosas, mas com apoio adequado, paciência e compreensão, podemos replantar, nutrir e ver novas flores desabrocharem. Buscar ajuda psicanalítica não é apenas uma busca por alívio imediato, mas uma jornada de autodescoberta e cura. É como explorar as profundezas de uma floresta escura para encontrar luz no final do túnel. A sessão de psicanálise oferece um espaço seguro para explorar suas emoções, traumas e conflitos, permitindo que você reconstrua sua narrativa de vida de uma maneira mais saudável e significati

O papel da Psicanálise na campanha do Setembro Amarelo

  O Setembro Amarelo representa um período de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, levando à reflexão profunda sobre os fatores emocionais, psicológicos e sociais que podem levar alguém a considerar tirar a própria vida. A psicanálise oferece uma abordagem para compreender essa complexidade, explorando os conflitos inconscientes, traumas e dificuldades emocionais que podem contribuir para o sofrimento mental. Na visão psicanalítica, o desejo de morte muitas vezes está enraizado em conflitos não resolvidos e emoções reprimidas. O processo de autoexploração, como a fala livre associativa e a análise dos sonhos, pode permitir que os indivíduos revelem camadas profundas de sua psique, compreendendo melhor suas motivações internas e padrões de pensamento autodestrutivos. Além disso, a psicanálise destaca a importância do apoio emocional e da relação terapêutica como fatores cruciais na prevenção ao suicídio. O estabelecimento de um espaço seguro para expressar sentimentos e me

A transformação da ansiedade: um olhar winnicotianno.

Na perspectiva psicanalítica de   Winnicott, abordar a ansiedade é um exercício delicado que requer uma atmosfera de cuidado genuíno. A essência da abordagem de D.W.   Winnicott   reside na criação de um ambiente seguro e acolhedor, onde a pessoa ansiosa possa se sentir à vontade para explorar suas preocupações mais profundas. O terapeuta assume o papel de facilitador, permitindo que o indivíduo revele suas emoções, medos e apreensões com autenticidade. Ao investigar essas complexidades emocionais, a ansiedade muitas vezes encontra raízes em experiências anteriores e nas relações com figuras de cuidado. O cerne do tratamento   winnicottiano   reside na compreensão da ansiedade como um sintoma de desequilíbrio entre a busca por independência e a necessidade de apoio e segurança. O terapeuta busca auxiliar o paciente a restaurar a confiança em si mesmo e no mundo ao seu redor, promovendo um sentido renovado de autoconfiança. Esse processo terapêutico visa fortalecer a identidade do pac

Psicanálise como método terapêutico.

  A psicanálise é um método terapêutico que busca compreender e tratar os sofrimentos psíquicos por meio da exploração profunda do inconsciente. Desenvolvida por Sigmund Freud, a psicanálise acredita que muitos dos nossos conflitos internos e angústias têm suas raízes em pensamentos, memórias e desejos que não são conscientes. Ao longo das sessões, os pacientes são incentivados a falar seus pensamentos e sentimentos mais profundos, muitas vezes revelando padrões recorrentes e questões não resolvidas. A relação estabelecida com o psicanalista oferece um ambiente seguro para essa espécie de autoexame, permitindo que os pacientes enfrentem seus sofrimentos e ganhem uma nova perspectiva sobre si. A psicanálise acredita que ao revisitar conteúdos antes ocultos no inconsciente, é possível entender melhor os motivos por trás do sofrimento psíquico. Com essa compreensão, os pacientes podem trabalhar para superar traumas, conflitos internos e até mesmo padrões disfuncionais de comportamento

Quando procurar um psicanalista?

  Você pode procurar um psicanalista quando estiver enfrentando desafios emocionais, problemas de relacionamento, questões pessoais ou sofrimentos psíquicos que estão afetando sua qualidade de vida. Um psicanalista pode ajudar a explorar questões profundas e inconscientes para promover o autoconhecimento e a resolução de conflitos internos. Se sentir que precisa de apoio emocional e uma compreensão mais profunda de si mesmo, é importante considerar a busca de um psicanalista. Procurar um psicanalista pode ser uma escolha benéfica em diferentes momentos da vida. Aqui estão algumas situações em que pode ser útil buscar a ajuda de um psicanalista: 1. Conflitos emocionais persistentes: Se você está enfrentando emoções intensas ou negativas que persistem ao longo do tempo, um psicanalista pode ajudar a entender as origens desses sentimentos e como lidar com eles de maneira saudável. 2. Dificuldades nos relacionamentos: Problemas em relacionamentos pessoais, familiares ou amorosos po

Os sonhos têm significados?

“Devo afirmar que os sonhos realmente têm um significado e que é possível um procedimento científico para interpretá-los.” (Sigmund Freud)   A questão sobre se os sonhos têm significados é uma indagação que permeou a história da psicologia e encontrou respostas marcantes na obra do renomado Sigmund Freud, o pai da Psicanálise. Em suas palavras, ele afirma: "Devo afirmar que os sonhos realmente têm um significado e que é possível um procedimento científico para interpretá-los." Para Freud, cada sonho, independentemente de quão absurdo possa parecer ou da escassez de nossa lembrança, carrega consigo um significado profundo. Em sua abordagem, ele cuidadosamente se distanciou dos métodos populares de interpretação de sonhos vigentes em sua época, desafiando a visão predominante da ciência contemporânea, que considerava os sonhos como produtos aleatórios do funcionamento cerebral durante o sono REM. A despeito da teoria ainda defendida por alguns cientistas modernos, de que

O Ambiente Escolar e a Violência: Uma Reflexão Urgente.

O ambiente escolar está conturbado. Além dos atos de violência, existe uma série de ameaças e ataques que causaram uma onda de apreensão entre responsáveis, crianças e professores/professoras. Então, como propiciar um ambiente seguro dentro da escola? Atualmente existe um estado de inquietação dentro desse espaço, pois, a escola é um local marcado pela convivência, pelo lúdico e diversas interações, porém, lamentavelmente, tem se tornado em espaço de ameaça. Sendo assim, tem surgido um debate em torno da segurança dentro de escolas particulares, municipais e estaduais. Muitas escolas estão recorrendo ao aumento dos muros, policiamento interno e externo; outras, estão investindo na instalação de câmeras e segurança privada. Claro, não existe uma única causa para tudo isso, consequentemente, não haverá uma única solução. Como se não bastasse o horror diante dos ataques ocorridos recentemente, estamos sendo intimidados por uma espécie de implantação do caos, por meio de notícias falsas.

Janeiro Branco: cuidar da saúde mental apesar dos preconceitos.

- “Como você fez isso? Ele se sentir melhor?”, questiona a Alegria. - “Não sei” – responde a Tristeza – “ele estava triste e eu o ouvi”.   (Divertida Mente, Pixar, 2015)   Para começar, me permita fazer algumas perguntas e já adianto que não tenho a pretensão em respondê-las, mas provocar uma reflexão em torno delas. Como pensar janeiro branco quando se falta o básico para uma pessoa viver bem: alimentação, água potável, saneamento, medicamentos, acesso à saúde de qualidade? Sem falar dos estigmas sobre a saúde mental que já vem da base, por falta da educação. Janeiro, por incrível que pareça, é o mês que mais tem a evasão de pessoas na clínica, as pessoas começam a desistir e só voltam após março. Então, como pensar essa saúde mental? De que saúde mental estamos falando? Quais são os pormenores e o que podemos fazer como profissionais e sociedade para que todos tenham acesso à saúde de qualidade? Janeiro Branco é um mês que debate, promove reflexões e chama a atenção dos i