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Mostrando postagens de 2020

Psicanálise em Prosa: Depressão

  A depressão como algo ocasional, é vivenciada por enlutados e pessoas que passaram por perdas. Neste momento a pessoa deve ir, lentamente, se desligando e investindo em outras coisas. Caso isso não o processo se torna patológico e a pessoa sentirá que não há mais sentido em viver sem o que perdeu, afinal, partes de si foram perdidas junto, então vive-se a melancolia. Os obsessivos vivem a depressão por desperdiçar a sua vida tentando atender às expectativas do outro, se sacrificando e nunca atendendo aos próprios desejos, sendo bastante cruéis consigo mesmos, focados em pequenos detalhes insignificantes, procrastinando o tempo que poderiam estar investindo em outras coisas, assim vivem a dor de sentir sempre que está perdendo, faltando algo ou alguém. Ainda outro tipo de pessoas, as histéricas, as quais podem viver a depressão diante da perda do amor ou por não se sentirem suficientemente amadas, não importa o que façam.  A depressão no caso do borderline pode ocorrer com oscil

Coronavírus: Psicanálise e o Tempo

  “ A meu ver a questão decisiva para a espécie humana é de saber se, e em que medida, a sua evolução cultural poderá controlar as perturbações trazidas à vida em comum pelas pulsões humanas de agressão e autodestruição. ” (Sigmund Freud, O mal-estar na civilização, 1930)   O estresse durante o período de enfrentamento da epidemia de pânico desencadeada pela grave pandemia de COVID-19, exige o distanciamento social e pode causar uma série de problemas mentais e sociais. ​Vivemos uma angústia de morte e das incertezas quanto à doença, o pânico aparece entre as pessoas e as reações são as mais variadas. Uma delas é a negação do problema. Vemos isso em todos os países, nos quais as pessoas minimizam o problema e não tomam os cuidados recomendados pelos especialistas e pelos sistemas de saúde. O coronavírus mostra de forma incisiva a fragilidade que assombra a existência humana, o quanto se está vulnerável diante de situações sobre as quais não se tem controle. São momentos em que

Como a Psicanálise Pode Contribuir na Pandemia Covid-19?

  Em qualquer pandemia é esperado que estejamos frequentemente em estado de alerta, preocupados, confusos, estressados e com sensação de falta de controle frente às incertezas do momento. Segundo estudos estima-se, que entre um terço e metade da população exposta a uma epidemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica (sofrimento psíquico), caso não se procure ajuda especializada para intervenções necessárias de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados. No nosso país, há 100 anos não temos uma grande doença como essa a nos acometer. Apesar de todo seu caráter coletivo, de estarmos passando por um choque abrupto, todos ao mesmo tempo, isso não significa que teremos os mesmos recursos e apresentaremos os mesmos tipos de resposta. Em caso de isolamento pode-se intensificar os sentimentos de desamparo, tédio, solidão e tristeza. Entre as reações comportamentais mais comuns estão: alterações ou distúrbios de apetite (falta de apetite ou apetite em excesso);

O CORPO EM CENA: DISCURSOS DO CORPO

  “ Quando um sintoma surge no corpo, ele é resultado de uma simbolização que foi abortada ”  (Carvalho Ferraz, 2007) Ao longo da vida, com frequência, enfrentamos situações inesperadas, geradoras de intensas angústias. Se por excesso, essas angústias não podem ser digeridas, elas transbordam para o corpo que adoece. A abordagem psicanalítica dos fenômenos somáticos compreende as doenças físicas e as afecções corporais como medidas defensivas para manter o equilíbrio dessa organização emocional. Quando há falhas nesse processo, porém, isso pode resultar na somatização dos sofrimentos. Na ausência do símbolo e da palavra é no corpo que eles se manifestarão. A somatização ocorre quando um indivíduo começa a apresentar sintomas físicos, mas que possuem origem psicológica. Assim, ele pode experimentar fortes dores de cabeça, falta de ar ou náuseas, por exemplo, sem que exista uma doença de ordem física causando essas sensações. A somatização pode se apresentar através dos mais diferent

A Magia do Natal e Seus Efeitos Psíquicos

O Natal é vivenciado como momento de renovação das esperanças, mas em um ano atípico como esse, diante da uma pandemia do covid-19. Como fazer. Uns aguardam ansiosamente por este período festivo. Outros não gostam do sentido familiar e das festividades comerciais que o natal adquiriu ao longo dos anos. É preciso conhecer os motivos e efeitos psíquicos, gerados nesse período natalino. Há pessoas que aproveitam o período para se reconciliar e resolver pendências emocionais com os amigos e familiares, como se a data proporcionasse uma espécie de recomeço, um renascimento. Independente das crenças a respeito, o Natal é tradicionalmente associado a um momento de encontros, viagens, férias e festas. Época de confraternização e de descanso, isso suplanta o verdadeiro significado religioso contido no Natal. Existe consenso que o Natal, é época de paz, alegria, amor e gratidão (ação de graças). Isso condiciona a condição de proporcionar bons momentos, a nós mesmos e aos que convivem conosco

A Melancolia Natalina: Por Que Acontece e Como Evitar?

       O período natalino traz a possibilidade de repetição: as mesmas músicas, mesmo cardápio, as trocas de presentes, o mesmo ritual, etc. Com isto vêm as lembranças do passado e consequentemente da infância que era sempre envolvida de muita fantasia. Então, ocorre uma curiosa e deprimente conscientização de que o tempo passou seguido pela sensação de que poucas coisas boas aconteceram. Assim, constatamos que a vida não é linear, tampouco estática. Ela é feita de altos e baixos e tudo depende da ênfase que cada sujeito dá àquilo que ele ganha ou perde. O final do ano simboliza encerramento e todo fim causa certa tristeza, porém, na maioria das vezes, é uma tristeza existencial e não patológica.  No mês de dezembro algumas pessoas ficam eufóricas com a possibilidade de terminar um ciclo e inaugurar um novo período cheio de possibilidades. É um mês caracterizado como época de alegria, celebrações e encontros de família. Por ser o último mês do calendário acabou se tornando sinônimo de

As palavras que podem curar você

     Bertha Pappenheim, conhecida como Ana O; era uma jovem nobre de Viena que passou a desenvolver sintomas do então chamado quadro histeria. Aos 21 anos de idade, ela sofria com alucinações, paralisia, fortes dores no corpo, dentre outros sintomas. No entanto, as avaliações médicas indicavam que ela estava com boa saúde. Freud foi convidado por Breuer, para analisar seu caso. Os traumas de infância vieram à tona, possibilitando compreender a origem daqueles sintomas, manifestados pelo corpo. Daí surgiu o conceito da “cura pela fala”. A partir dos atendimentos em seu consultório, Freud aperfeiçoou o conceito de cura pela fala, experimentado por Ana O; e o denominou como livre associação de ideias. Método que consiste em incentivar o paciente a falar, liberar pensamentos e sentimentos, colocar para fora aquilo que está dentro, mesmo que, em um primeiro momento, pareçam abstratos – “A regra é [...] convidar o outro a dizer tudo o que lhe vem à cabeça” (Jacques-Alain Miller). O analist

Mídias Sociais e Saúde Mental

  “ Por falta de repouso nossa civilização caminha para a barbárie. Em nenhuma outra época os ativos, isto é, os inquietos, valeram tanto. Assim, pertence às correções necessárias a serem tomadas quanto ao caráter da humanidade fortalecer em grande medida o elemento contemplativo. ” ( Nietzsche,  Humano, Demasiado Humano )   As mídias sociais é a pedra fundamental na nova conotação da interação humana e assumiu um papel importante em 2020 com o enfrentamento do novo coronavírus. Este ano vai ser historicamente lembrado como aquele da pandemia do Covid-19, quando bilhões de pessoas em todo mundo foram apresentadas a uma distopia da ameaça de um vírus mortal que remodela todo o comportamento social da humanidade. Quarentena, distanciamento social, trabalhos e estudos on-line, enxurrada de notícias e nervos “a flor da pele”.  Muito se tem aprendido desse período inédito e, em grande parte, essa tem sido uma experiência virtual. Antes, mesmo na internet, nossas trocas se davam em escala pe

ANSIEDADE: Breve Olhar Psicanalítico

“Enquanto o tempo acelera e pede pressa Eu me recuso faço hora vou na valsa A vida é tão rara Enquanto todo mundo espera a cura do mal E a loucura finge que isso tudo é normal Eu finjo ter paciência E o mundo vai girando cada vez mais veloz A gente espera do mundo e o mundo espera de nós Um pouco mais de paciência” – Lenine, Paciência . O mundo de hoje é cada vez mais turbulento, repleto de mudanças e descobertas que afetam a vida humana em seus diversos segmentos (emocional, profissional, pessoal, etc). Tudo a nossa volta está acontecendo muito rápido. Com isso algumas pessoas vivem a sensação permanente de que algo desconfortável ou mesmo catastrófico pode acontecer. Na tentativa de fugir de ameaças imaginárias, muitos deixam, por exemplo, de ir a uma festa com receio de sofrer um ataque de pânico ou mesmo para evitar o julgamento alheio. Felizmente há tratamento, porém o primeiro passo é reconhecer quando a preocupação está passando dos limites e buscar aj