Negar sentimentos não
prazerosos, com felicidade artificial e otimismo forçado, pode
gerar até problemas de saúde física. O caminho é controlar as
emoções, mesmo diante das situações mais desafiadoras.
Depois do tumulto “vai ficar tudo bem”, a pandemia lançou luz sobre uma verdade, que até então estava escondida, ou querendo ser negada: a crise de saúde mental não se resolve apenas com pensamento positivo e fármacos. Muitas vezes dar lugar às emoções negativas e ter acesso a ajuda, é crucial para seguir em frente. Está na hora de abandonar a Positividade Tóxica. Não é que ser otimista esteja errado, o problema está em persistir em mensagens positivas, mesmo quando não se está bem. Afinal, tudo não está bem de quando em quando. Como diz o velho ditado “a vida tem seus altos e baixos”, a questão é como vamos lidar com cada situação. Quando a pessoa evita reconhecer momentos de negatividade, isso a leva a sentir-se pior.
Estar sempre alegre é irreal
Imaginar que é possível estar sempre alegre, é no mínimo irreal. Mas esse discurso que prega o otimismo irrestrito como uma única forma de enfrentar as adversidades pode trazer graves consequências à saúde mental Esse movimento ganhou bastante força nas redes sociais com a hashtag (#) Goodvibesonly (apenas boas vibrações), que já contabiliza mais de 13 milhões de menções no Instagram e foi batizado por especialistas, como “positividade tóxica,” por ser um fenômeno que nega a tristeza e outras emoções que venham a ser consideradas negativas. Nesse caso, o pensamento positivo deixa de ser benéfico e começa a ser tóxico, porque os momentos de dor são postos debaixo do tapete e a vida perde sentido, por isso, a resiliência deve conter um positivismo são.
A vida não é um mar de rosas
A saída de um profundo mal-estar, nos obriga a olhar para o sofrimento humano de frente, e a promover capacidades inatas – a resiliência e a gratidão –, para assim atravessarmos as horas sombrias com um otimismo realista, porque a vida não é um mar de rosas. Quando não está tudo bem, ou quando algo realmente está mal, é preciso parar, sentir e intervir, ou seja, não basta dizer às pessoas para fazerem exercício físico ou meditar, o melhor caminho, é dar acesso a serviços em que possam ser escutadas, expressar emoções e serem compreendidas por profissionais qualificados.
Invalidar sentimentos aumenta a dor de quem sofre
No filme Divertida-Mente (2015) de Pete Docter vemos como é necessário assumir e, que sentir tristeza ou medo, é útil, Calar essas emoções é que traz mais sofrimento e nos impede de seguir em frente. Por mais difícil que seja a realidade, a única maneira saudável de encará-la, é aceitá-la do jeito que ela é. Isso não significa deixar de tomar atitudes conscientes para ter algum bem-estar. Quando estamos frente a um momento de sofrimento, primeiro, precisamos reconhecer que ele está ali e, depois, ver o que é possível fazer para amenizá-lo. Equilibrando a saúde mental e o bem-estar, automaticamente existe uma sensação de que tudo vai dar certo ainda que a situação esteja desfavorável. A psicanálise acredita que é a partir do atravessamento da dor (não negando), é que se dará a promoção da “cura”. Invalidar sentimentos aumenta a dor de quem sofre e, mascara os confrontos.
Daniel Lima Gonçalves - Psicanalista, Filósofo e Teólogo.
daniellimagoncalves.pe@gmail.com
Instagram: @daniellima.pe
Membro do Grupo
Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi - GBPSF;
Member of International Sândor Ferenczi Network - ISFN;
Associado à Sociedade Brasileira de Filosofia Analítica – SBFA;
Membro Emérito da Sociedade Pernambucana de Estudos Psicanalíticos – SPEP.
Depois do tumulto “vai ficar tudo bem”, a pandemia lançou luz sobre uma verdade, que até então estava escondida, ou querendo ser negada: a crise de saúde mental não se resolve apenas com pensamento positivo e fármacos. Muitas vezes dar lugar às emoções negativas e ter acesso a ajuda, é crucial para seguir em frente. Está na hora de abandonar a Positividade Tóxica. Não é que ser otimista esteja errado, o problema está em persistir em mensagens positivas, mesmo quando não se está bem. Afinal, tudo não está bem de quando em quando. Como diz o velho ditado “a vida tem seus altos e baixos”, a questão é como vamos lidar com cada situação. Quando a pessoa evita reconhecer momentos de negatividade, isso a leva a sentir-se pior.
Imaginar que é possível estar sempre alegre, é no mínimo irreal. Mas esse discurso que prega o otimismo irrestrito como uma única forma de enfrentar as adversidades pode trazer graves consequências à saúde mental Esse movimento ganhou bastante força nas redes sociais com a hashtag (#) Goodvibesonly (apenas boas vibrações), que já contabiliza mais de 13 milhões de menções no Instagram e foi batizado por especialistas, como “positividade tóxica,” por ser um fenômeno que nega a tristeza e outras emoções que venham a ser consideradas negativas. Nesse caso, o pensamento positivo deixa de ser benéfico e começa a ser tóxico, porque os momentos de dor são postos debaixo do tapete e a vida perde sentido, por isso, a resiliência deve conter um positivismo são.
A vida não é um mar de rosas
A saída de um profundo mal-estar, nos obriga a olhar para o sofrimento humano de frente, e a promover capacidades inatas – a resiliência e a gratidão –, para assim atravessarmos as horas sombrias com um otimismo realista, porque a vida não é um mar de rosas. Quando não está tudo bem, ou quando algo realmente está mal, é preciso parar, sentir e intervir, ou seja, não basta dizer às pessoas para fazerem exercício físico ou meditar, o melhor caminho, é dar acesso a serviços em que possam ser escutadas, expressar emoções e serem compreendidas por profissionais qualificados.
Invalidar sentimentos aumenta a dor de quem sofre
No filme Divertida-Mente (2015) de Pete Docter vemos como é necessário assumir e, que sentir tristeza ou medo, é útil, Calar essas emoções é que traz mais sofrimento e nos impede de seguir em frente. Por mais difícil que seja a realidade, a única maneira saudável de encará-la, é aceitá-la do jeito que ela é. Isso não significa deixar de tomar atitudes conscientes para ter algum bem-estar. Quando estamos frente a um momento de sofrimento, primeiro, precisamos reconhecer que ele está ali e, depois, ver o que é possível fazer para amenizá-lo. Equilibrando a saúde mental e o bem-estar, automaticamente existe uma sensação de que tudo vai dar certo ainda que a situação esteja desfavorável. A psicanálise acredita que é a partir do atravessamento da dor (não negando), é que se dará a promoção da “cura”. Invalidar sentimentos aumenta a dor de quem sofre e, mascara os confrontos.
Daniel Lima Gonçalves - Psicanalista, Filósofo e Teólogo.
daniellimagoncalves.pe@gmail.com
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Membro Emérito da Sociedade Pernambucana de Estudos Psicanalíticos – SPEP.
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