Se Freud escreveu sobre o mal-estar na civilização diante do custo pulsional imposto pela cultura do século XX, os psicanalistas contemporâneos se debruçam sobre um novo paradoxo: o sujeito do século XXI é simultaneamente hiperconectado e profundamente solitário, inundado de signos de gozo e, no entanto, esvaziado de desejo. Como a clínica psicanalítica, herdeira de Freud e Lacan, responde a esse novo cenário? A tirania do ideal e a fragmentação do sujeito Vivemos sob a égide do que o psicanalista Christian Dunker denominou como "o ideal de performatividade". Este imperativo social exige que sejamos sempre otimizados, felizes, produtivos e belos. Nas redes sociais, somos curadores de uma self mitológica, um eu ideal esculpido para likes. Dunker alerta que essa performance constante gera uma angústia silenciosa, pois o sujeito fica esfacelado entre quem ele é e quem ele deve aparentar ser. O resultado não é a repressão clássica, mas uma exaustão subjetiva e uma dificuldade rad...