Nem sempre a ansiedade se manifesta por meio de sintomas físicos. Pessoas podem sofrer ataques de pânico ou desenvolver fobias sem entender a razão. Sintomas psicossomáticos incluem palpitações, boca seca, dilatação das pupilas, falta de ar, transpiração, desconforto abdominal, tremores e tontura. Emocionalmente, a ansiedade pode resultar em irritabilidade, dificuldade de concentração, inquietação e fuga de situações ou objetos temidos.
A ansiedade representa um conflito emocional interno, surgindo quando experiências, sentimentos e impulsos perturbadores são reprimidos na consciência. Entretanto, os conteúdos mantidos no inconsciente conservam grande parte da catexia psíquica original. A liberação de lembranças ou impulsos proibidos, motivados por busca de gratificação, gera ansiedade, pois representam uma ameaça ao ego. Similarmente, experiências traumáticas profundamente reprimidas exigem que o ego elabore suas angústias por meio da fala no setting analítico.
Especialistas apontam que a ansiedade é um dos grandes males modernos, crescendo de forma rápida e abrangente, afetando tanto o Brasil quanto o mundo. Por décadas, a ansiedade foi subestimada, porém atualmente se reconhece seu potencial de inviabilizar a vida social e profissional. Mesmo com essas consequências, muitas pessoas ainda evitam buscar tratamento até chegarem ao limite. Dados da Previdência Social revelam que os transtornos mentais, incluindo ansiedade e depressão, são a terceira principal causa de afastamentos do trabalho no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 33% da população mundial sofre de ansiedade.
Neste texto, proponho substituir o termo "ansiedade" por "angústia", refletindo uma discussão sobre a tradução do termo freudiano "angst". Na Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, "angst" foi traduzido como "ansiedade", mas a Companhia das Letras, em 2014, sugeriu "angústia" como mais apropriado no contexto da Psicanálise.
Aos 70 anos, Sigmund Freud introduziu hipóteses inovadoras sobre a origem da angústia, modificando suas ideias anteriores. Durante mais de três décadas, Freud manteve a visão biológica de que a angústia surgia de uma libido insatisfeita, descarregando-se diretamente como angústia, como ele comparou: “(...) ela [a angústia] está para a libido mais ou menos como o vinagre está para o vinho” (Freud, 1905d, nota acrescentada em 1920, p. 168). Em sua primeira formulação, ele propunha que a angústia resultava da repressão, provocando uma acumulação de libido "tóxica". No entanto, em sua monografia "Inibições, Sintomas e Angústias" (1926), ele revisou essa visão ao sugerir que a repressão atua como uma defesa contra a ameaça da irrupção da angústia.
A sociedade pós-moderna impõe condições que intensificam a angústia, portanto, é essencial que as pessoas estejam preparadas para enfrentá-la. A Psicanálise oferece uma ferramenta crucial nesse contexto, permitindo investigar o inconsciente e ajudar o sujeito a lidar com frustrações de seu passado que reverberam no presente.
Daniel Lima
Psicanalista
Acredito que são poucas as pessoas que estão livres desse mal, contudo saber que é mais uma pessoa acometida é que preocupa conhecer sintomas e procurar ajuda acredito ser o mais fácil existe a necessidade de mais divulgação desse mal para só assim diminuir uma estatística tão crescente.
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